Cortei três dedos do meu cabelo, hoje.
Antes de o Verão terminar cortei aquilo que já havia dele.
Muito sol e muitas pontas ressequidas porque o calor resseca o cabelo e o coração.
Deve ser por isso que os afectos, os reais, aqueles que não são amores de Verão, devem ser perpetuados no Outono.
Viajo dentro de dias, para um Outono de neblinas e temperaturas amenas.
Para uma ilha que me vai fazer fotografar, sentir falta de Lisboa, e sentir falta do meu Amor.
Já disse aqui que existem pessoas que não podem sair jamais de Lisboa.
Eu sou uma delas.
Se sair de Lisboa perco a sensação de que ele, deambula, sobre a alçada da mesma luz que eu.
E o amor precisa dessa luz para ser alimentado.
Para sonhar.
Romper com o mundo.
Os dias têm sido entre Chico Buarque, os Açores e Lisboa.
Cortei três dedos de cabelo, e por mais que eu corte, corte, corte, não há corte que eu faça (que eu me faça) que me afaste da desordem do meu armário embutido.
Quando se gosta, fica-se no corpo feito tatuagem.
E não há cara para sair.
Nem para fazer de conta.
Nem dar olhos para tomar conta.
E não há conta para se partir.
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