terça-feira, 9 de setembro de 2014

A Ilha de São Miguel e Miguel Torga.















 
Difícil encontrar no mundo alguém que tenha tanto Portugal cá dentro.
Pelo menos, no meu Mundo.

Gosto muito das minhas pessoas, mas são raros os encontros que me dão pessoas com Portugal, e não esse tosco conceito de Nação, dentro de si.
 
 
Posto isto, estive nove dias em São Miguel.
Fica o apontamento, tinha que se chamar Miguel. Não era João, nem Pedro, nem Gabriel.
O seu nome é Miguel. E só podia mesmo chamar-se Miguel.
 
Resisto muito à ideia de sair de Lisboa, ao fim de três dias o meu coração definha por sentir falta da minha manga curta colorida.
 
Os Açores têm um efeito catalisador nas pessoas, talvez por ser dos locais do mundo, onde a beleza de tão natural que é, chega a tornar-nos desconfortáveis.
Uma mulher linda de morrer perto das sete cidades é só uma mulher. Nada mais que isso.


Dificilmente a minha vida seguirá o caminho que ia seguir.
 
Os Açores podem desviar a rota de uma pessoa.
 
E podem nos tornar ainda mais generosos.
 
O meu Pai é o meu cartão postal dos Açores.

E talvez por ele, ser tão transmontano, e tão apaixonado pelos Açores, fez-me lembrar de um outro Miguel (de quem gosto tanto como o outro Miguel).
 
Os Açores e a congelação do tempo através da beleza daquelas ilhas, fez-me andar de Miguel Torga na mochila.
 
"Resta saber se haverá coisa mais bela nesta vida do que o puro dom de se olhar um estranho como se ele fosse um irmão bem-vindo, ..."
 
Excerto de "Um Reino Maravilhoso (Trás-os-Montes)", de Miguel Torga

Foi assim que vi os Açores, como um estranho.
 
Mas como se ele fosse um irmão bem-vindo.
 
( texto dedicado à Lúcia Moniz e o quão feliz ela ficou quando lhe falei deste meu irmão Açores.)




 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Setembro e o nosso Workshop de Fotografia



Boa tarde Lisboa.

É com imensa alegria que escrevo este primeiro post de Setembro e que partilho convosco a minha chegada dos Açores depois de 9 dias a fotografar por São Miguel.

As fotografias que aqui vos apresento vêm já como preparação para o Workshop de Fotografia LISBON TRENDY BLOCK que vamos realizar no Espaço Pessoa e Companhia nos dias 20 e 21 de Setembro.

Muito daquilo que vou passar no Workshop está presente nestas fotografias que fiz com a Catarina na Bica.


A luz de Lisboa.
As ruas de Lisboa.
E a sensibilidade fotográfica que Lisboa nos traz.


O Workshop de Fotografia Lisbon Trendy Bloc terá a duração de uma fim de semana, os dias 20 e 21 de Setembro, com o seguinte horário:

 

Sábado dia 20:

10h30h – Apresentação.

11h/14h – Parte teórica 1ª parte.

15h/18h – Parte prática com um passeio por Lisboa:

                                    - início na Penha (onde é o Espaço Pessoa e CIA) – Martim Moniz – Rua                            da Madalena – Alfama.
 
 

 
Domingo dia 21:

10h30h – Considerações sobre a parte prática feita no dia anterior.

11h/14h – Parte teórica – 2ªparte.

15h/18h - Parte prática com um passeio por Lisboa:

                                       - Rossio – Chiado – Cais do Sodré – Ribeira das Naus.

 

No que toca à parte teórica vamos abordar os seguintes temas:

Luz – características e tipo.

Exposição – abertura, sensibilidade ISO.

Perspectiva – perspectiva, pontos focais e cor.

Equipamento  - ferramentas fotográficas, as funções da máquina fotográfica, acessórios fotográficos.

A parte prática será para utilizar os conhecimentos adquiridos durante a manhã, fazer um passeio, fotografando por Lisboa, testando as funcionalidades da máquina de cada um e fazendo exercícios de exposição, composição e de luz.

A parte teórica será no Espaço Pessoa e Companhia na Penha (morada: Calçada de Santana 177, Lisboa).

Faremos uma pausa para almoçar de uma hora. Das 14h às 15h.

Obrigatório trazer máquina fotográfica, seja compacta ou reflex.

As fotografias tiradas na componente prática serão depois publicadas no FB e no Blog do Projecto Lisbon Trendy Block.

 
Valores e inscrições em: joanasamachado@gmail.com


Fica o desafio para um fim de semana diferente pejado de sensibilidade, de saber olhar e de Lisboa no coração.


Fiquei então com as fotografias que fiz com a Catarina.

Até já Lisboa.











                                       

 

                                        





segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Portas do Sol ou Patsy Cline no ouvido.

 
 
 
 
 
Lisboa não é uma cidade, é um sentimento.
Lisboa é como um dia de Domingo.
Não é um dia.
É um sentimento.
 
Viver uma cidade acarreta ter sentimentos sobre ela. Ou por ela.
Acarreta gostar tanto de viver entre as suas ruas, que seriamos capazes de abrir mão de um Amor, para poder permanecer, nela.
 
O que é abrir mão de um Amor?
 
É ter cá dentro, toda a clareza do mundo, que esse alguém que amamos, decerto vai encontrar um outro alguém.
 
E da forma mais generosa do mundo, existe a certeza, que alguém um dia, irá amar, com o amor que eu deixei de viver, por querer viver em Lisboa.
 
Não é à toa que o Fado nos diz:
 
"Lisboa, mulher da minha vida."
 
Lisboa é a mulher da minha vida.
E é por ela que eu visto a minha manga curta colorida.
 
 
 
(Portas do Sol. 24 de Agosto de 2014. 4h da tarde. Vou me "fartar" de ouvir Patsy Cline...)
 


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Três dedos.



 
 
 
Cortei três dedos do meu cabelo, hoje.
Antes de o Verão terminar cortei aquilo que já havia dele.
Muito sol e muitas pontas ressequidas porque o calor resseca o cabelo e o coração.
 
 
Deve ser por isso que os afectos, os reais, aqueles que não são amores de Verão, devem ser perpetuados no Outono.
 
Viajo dentro de dias, para um Outono de neblinas e temperaturas amenas.
Para uma ilha que me vai fazer fotografar, sentir falta de Lisboa, e sentir falta do meu Amor.
 
 
 
Já disse aqui que existem pessoas que não podem sair jamais de Lisboa.
Eu sou uma delas.
 
 
Se sair de Lisboa perco a sensação de que ele, deambula, sobre a alçada da mesma luz que eu.
 
E o amor precisa dessa luz para ser alimentado.
 
 
Para sonhar.
Romper com o mundo.
 
 
 
Os dias têm sido entre Chico Buarque, os Açores e Lisboa.
 
 
Cortei três dedos de cabelo, e por mais que eu corte, corte, corte, não há corte que eu faça (que eu me faça) que me afaste da desordem do meu armário embutido.
 
 
Quando se gosta, fica-se no corpo feito tatuagem.
E não há cara para sair.
Nem para fazer de conta.
Nem dar olhos para tomar conta.
 
E não há conta para se partir.


( Para Chico Buarque.)

sábado, 16 de agosto de 2014

Um.

 



Se um "Um" no inicio de cada fase das nossas vidas acrescentar, muito mais coisas a tudo aquilo que vamos viver, então este pequeno artigo passa a ser a palavrinha mais importante das nossas vidas.

Um amor.
Um fado.
Um sonho.
Um homem.
Um lugar.
Um pedaço.
Um brilho.
Um chão.
Um beijo.
Um mar.
Um gesto.
Um céu.
Um corpo.
Um despeito.
Um caminho.
Um tempo.
Um olhar.
Um pai.
Um espaço.
Um encanto.
Um amor.
Um fraquinho.
Um amor.
Um conhecido.
Um amor.
Um coração.
Um amor.
Um poema.
Um amor.
Um parecer.
Um amor.
Um riso.
Um amor.




O artigo não podia ser outro.

Um amor que ao seu primeiro som, não tem o som de algo repetido.

( o Cais do Sodré, hoje, tinha o cheiro da Foz do Lizandro).




terça-feira, 12 de agosto de 2014

Chão




O amor é o meu chão.
Os meus dias.
Os meus mares.
O meu riso.
Os meus lugares.
A minha manhã de sábado.
O meu ócio.

O meu livro de segunda à tarde.
A minha Lisboa de chuva.
As minhas fotografias.



Andamos sempre em busca de elevações e de sonhos.
E depois percebemos que estamos agarrados ao chão.

Porquê?

Porque existem pessoas que nos prendem ao chão.
Nos fazem pensar que vivemos numa Nau Catrineta.
Que somos ferro e fogo.
Que a chusma só se salva com amor.

E depois andamos a toque de caixa, porque não sabemos como ter sempre na ideia o nosso maior amor.

Aquele que parte com a nossa metade, que ele já tem.


(Espanha, 2014).

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O Verbo Demorar



Na sacada de Lisboa, um grande amor perguntou-me: "sabes o significado do verbo demorar?"

Respondi sorrindo, pois quando não sabemos o significado de algo, e na inutilidade de ir a um dicionário, devemos sorrir.

Sorrir sempre.

Continuo sem saber o significado do verbo demorar, pois esse tal amor não me conseguiu demonstrar, qual era o seu significado.

Hoje, deambulando entre o vento parado de Lisboa, percebi que só demora quem nós queremos que demore.

O Amor não tem tempo.
Não tem períodos.
Tem a espera.


Só sabemos que encontramos o verdadeiro Amor, quando ele nos escapa das mãos, e por momentos, no tempo parado de Lisboa, percebemos que é ele o grande Amor da nossa vida.


Posso não ter grande ciência para fazer contas.
Mas já não tenho dedos para contar as vezes que paro em Lisboa, por ele.

De reflexos loiros no cabelo, de calor nas mãos, e daqui desta Lisboa, abrirei mão de casar em Berlim, para esperar aqui.

Desculpem, ali no coração do meu amor desconhecido.

"Se o passado
De repente
Mais presente
Que o presente
Te falar também assim
-lembra-te logo de mim."


O Amor em Lisboa faz mover os ventos, o Sol e as outras estrelas.