quarta-feira, 28 de maio de 2014

Lisbon Story



O pó do armário.
Quando penso em algo que já está, muito lá atrás, equiparo isso a uma camada de pó num armário.

A isso, e ao som dos sapatos.

O tempo muda tanto as coisas que até as batidas dos nossos pés no soalho já não têm o tom de outrora.


Este filme foi rodado em 1994, na altura Lisboa era Capital Europeia da Cultura.
O seu lançamento foi um ano depois.

Como todos os projectos portugueses, são pensados para uma data especifica e acabam por se concretizar tempos depois.

Esta é a característica maior da Portugalidade que corre em nós.

E foi com o álbum dos Madredeus, o Ainda, que começou o meu périplo apaixonado sobre Lisboa.

Cinco anos depois, no ano 2000, a ideia do Lisbon Trendy Block.

E 12 anos depois a sua concretização.


Sou muito Portuguesa, demorei 12 anos a concretizar a ideia.

E sinto agora que vou demorar a vida inteira a por tudo aquilo que criativamente me corre nas veias, em prática.

Haja tanto Portugal a bater cá dentro.


Disse hoje a uma pessoa que sinto o TUM TUM do meu coração a bater cá dentro.
Mas bate tanto e tão sonoramente que incomoda até os meus poucos momentos de silêncio.


Lisboa é a capital da minha cultura.
É onde vivo o meu amor.

E onde sinto saudade.

(volta, que Lisboa e a nossa história, está à nossa espera).

terça-feira, 27 de maio de 2014

Nasci para ser Gaivota




Lisboa vai ser sempre uma cidade onde muitos pássaros deambulam sobre mim.
Há pombos e há gaivotas.

Gosto particularmente de gaivotas, essas mesmas gaivotas que nos dizem que haverá uma tempestade no mar.


As últimas semanas forram tórridas.


Houve muito calor. Depois houve chuva e entre isso houve um corpo amado.
Que de tanto ser amado em Lisboa oscilou entre o resfriado e o calor.


Envelheci um ano na última semana.
Não quero com isto dizer que algo me envelheceu. Literalmente, foi o meu aniversário.

Um aniversário de cachos no cabelo. Em ruelas no Intendente.
Entre beijos e livros.


Há várias formas de ter um amor.

 - querer gostar de alguém;
 - gostar de alguém sem que exista razão para isso;
 - e gostar de alguém, quando a última coisa que se equaciona nesse momento, é justamente a chegada de uma nova pessoa.



E essa nova pessoa, essa curiosidade, o ser encontrada, tudo isto corrobora um Amor.

O que isto significa. Não interessa.

Há pessoas que nasceram para serem gaivotas.

Eu sou uma delas.

E entre a escrita do meu "amor" sinto-me a voar. A voar e sem medo de cair.

A voar e a ser feliz.




sexta-feira, 2 de maio de 2014

Roma

A cidade que tem a luz mais próxima de Lisboa é a cidade de Roma.
Talvez tenha sido esta a maior razão para me ter apaixonado por Roma.
 
Engraçado como amo profundamente Lisboa e quando viajo para a outra cidade, o que sinto como uma traição a Lisboa, acabo por a trair com uma cidade idêntica a Lisboa.
 
O amor é lixado mesmo. Então eu vou trair e acabo por trair por algo similar?!
 
Foi isto que se passou em Roma. Traí a minha cidade, com uma cidade densa e pastel como Lisboa.
Ah e o céu de Roma, é tão baixo, como o céu de Lisboa.
 
 
Gostava de trair Lisboa com Singapura ou Melbourne.
 
Gostava de ter esta capacidade de na hora da escolha, não escolher sempre o mesmo amor.
 
Confidenciei isto hoje a um amigo meu.
Descobri que sou devota aos meus valores, pois mesmo na hora de trair alguém ( ou a minha cidade), cometo essa traição através da excelência.
 
Roma ao contrário dá Amor.
 
Amor ao contrário dá solidão.
Solidão ao contrário dá perda.
 
E no Amor não se deve perder nem a feijões.
 
Então vamos lutar até o mundo estar virado ao contrário.
 
 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Um Amor (em Alfama) que move as ruas e as estrelas.



 
 
Le oí entrar
vi en su mirar
que me quería atormentar

y actué sin ver
corazón que toca el cielo de la boca
mi alma loca.

Ay, mi voz que sale
andando sin ropa
libre de palabras

ardiendo de intención
digo encendida
digo sin retorno y sin razón

Fue como si lanzara
fuego en fria agua
empujara la oscuridad

Como si me iluminara
mi amor tan cerca
jurando sumisión.



Porque yo tengo ganas de amarte en las calles de Alfama.



(escrito na Rua Cruzes da Sé no último dia de Abril.)