domingo, 20 de abril de 2014
Manhã de Abril
É difícil para mim não olhar para Lisboa, olhando para o 25 de Abril.
Não imagino esta cidade sem Liberdade.
A Liberdade que temos hoje, precisa ser discutida, não é de todo a Liberdade, que se quis na madrugada de 25 de Abril de 1974.
Eu não era nascida. Eu não era pensada.
Se pudesse escolher uma época para viver, seria essa época.
Em que a Liberdade estava iminente e onde cada gesto coincidiu com a construção de um País melhor.
Chico diz que "foi bonita a festa, pá".
Foi de facto.
De cravo na boca.
De cadeias abertas.
De Liberdade na mão.
Assim foi o 25 de Abril.
A fotografia que aqui está persegue-me vai para muitos anos.
É na rua Vítor Cordon junto à sede da PIDE na manhã de 26 de Abril de 74.
Fotografia de Eduardo Gajeiro.
É das ruas que mais gosto em Lisboa.
E esta fotografia das que mais marcou o compasso da minha vida como fotógrafa.
A Liberdade é como o Amor. Deve ser vivida sem extorsão, opressão e despotismo.
Queria saber qual era o cheiro das ruas de Lisboa naquela manhã de Abril.
Queria saber como se vive um dia que vai mudar para sempre as nossas vidas.
Queria saber como uma mão numa arma consegue derrubar uma Ditadura.
Como se consegue concretizar um futuro melhor.
A flor.
A Primavera.
A Multidão.
A razão de um povo demora muito tempo a construir.
Mas como me disseram os meus pais:
"Naquele dia, era como se tivéssemos mudado o Mundo".
E mudaram o mundo nas ruas de Lisboa.
(para o meu Pai que teve a PIDE às costas, e para a minha Mãe que nessa manhã estava no Porto com o meu irmão, porque a falta de Liberdade não os deixava estar em Lisboa...).
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