sábado, 26 de abril de 2014

Era uma vez uma Revolução.



Era uma vez um amor.
Era uma vez uma revolução.

Era uma vez uma rapariga que vivia em Lisboa.
Era uma vez um rapaz que vivia em Lisboa.

Os tempos eram difíceis.
A liberdade não existia.
A extorsão era uma constante.
A falta de Amor andava pelas ruas.

Ela era reacionária.
Ele calmo e sereno.

Ela berrava pela mudança.
Ele sussurrava pela diferença.

Eles não se entendiam. Queriam o mesmo, mas não se entendiam.

Ela era violenta.
Ele era manso.

Ela era barulhenta.
Ele era o silêncio.

Ela era pelo Mar.
Ele galgava o mundo por Terra.

Ela era Europa.
Ele África e Mandela.


Ela era louca por ele.
Ele não sabia que era louco por ela.


Um dia uma revolução mudou completamente as suas vidas.

Nunca mais olharam na cara um do outro.
Nunca mais falaram.
Nunca mais discutiram.
Nunca mais lutaram pela diferença e pela mudança.
Nunca mais brigaram.
Nunca mais bateram de frente.
Nunca mais se encontraram.
A revolução afastou tudo aquilo que os diferenciava.

Foi cada um para o seu lado.
Cada um foi ouvir a sua música.
As suas letras.
Os seus livros.



Quarenta anos depois, encontraram-se.

Olharam nos olhos um do outro e perceberam que aquela revolução se traduziu numa palavra: Amor.

Olharam um no outro e lamentaram não terem percebido que o Amor é uma revolução.
Que muda a vida dos Homens, das Nações, dos Mares e do Cabo do Mundo.

Olharam um no outro. Deram a mão um do outro. Deram um abraço, e pela primeira vez desde a instauração desse golpe de estado chamado Amor, foram felizes.


Demoraram 40 anos para se encontrar.

"Não tenhas pressa, mas não percamos tempo."   José Saramago.

Nunca deixar que o Amor não revolucione as nossas vidas.

Estas duas pessoas precisaram de 40 anos para crescer.


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